/home/verajylj/backend.veramota.com/media/images/galeria/25.jpg

Mergulho, 2015.
6 wood frames (300cm x 170cm x 7cm), fabric, glass, stainless still, plaster, foam, plexiglas box, limestone, wood, brass, latex.

/home/verajylj/backend.veramota.com/media/images/galeria/25a.jpg

Mergulho, 2015.
6 wood frames (300cm x 170cm x 7cm), fabric, glass, stainless still, plaster, foam, plexiglas box, limestone, wood, brass, latex.

/home/verajylj/backend.veramota.com/media/images/galeria/25b.jpg

Mergulho, 2015.
6 wood frames (300cm x 170cm x 7cm), fabric, glass, stainless still, plaster, foam, plexiglas box, limestone, wood, brass, latex.

/home/verajylj/backend.veramota.com/media/images/galeria/25c.jpg

Mergulho, 2015.
6 wood frames (300cm x 170cm x 7cm), fabric, glass, stainless still, plaster, foam, plexiglas box, limestone, wood, brass, latex.

/home/verajylj/backend.veramota.com/media/images/galeria/25d.jpg

Mergulho, 2015.
Installation. Details.

/home/verajylj/backend.veramota.com/media/images/galeria/25e.jpg

Mergulho, 2015.
Installation. Details.

/home/verajylj/backend.veramota.com/media/images/galeria/25f.jpg

Mergulho, 2015.
Installation. Details.

/home/verajylj/backend.veramota.com/media/images/galeria/25g.jpg

Mergulho, 2015.
Installation. Details.

/home/verajylj/backend.veramota.com/media/images/galeria/25h.jpg

Mergulho, 2015.
Installation. Details.

/home/verajylj/backend.veramota.com/media/images/galeria/25i.jpg

Mergulho, 2015.
6 wood frames (300cm x 170cm x 7cm), fabric, glass, stainless still, plaster, foam, plexiglas box, limestone, wood, brass, latex.

Movimento e intenção — Ana Cristina Cachola

Aquilo que distingue a queda do mergulho é a intenção, a predisposição do corpo – de todo o corpo - ao movimento. A obra de Vera Mota revela sempre um corpo – o seu – em mergulho nas composições plásticas. Neste sentido, a dimensão performativa nunca se afasta das superfícies criadas; o corpo, ainda que submerso em mergulho – invisível - não deixa de estar presente nas imagens que produz. Essas imagens são resultados de uma sucessão de acções, de movimentos que criam, constroem, compõem. Não existe, por isso, qualquer tentativa de reflectir (sobre) o real, mas de o constituir rompendo a estabilidade do mundo.

A performatividade é, antes de qualquer aparato coreográfico, a capacidade de criar matéria. É essa performatividade, destituída de dimensão espectacular, que percorre a obra de Vera Mota. Existe uma relação dinâmica entre o corpo e os materiais, um corpo que em movimento cria outros corpos. Esses corpos – novas entidades que habitam o mundo – não são referências, índices ou substitutos de real, mas concretizações de factos (visuais e plásticos). Por isso os corpos em mergulho nas cinco superfícies que constituem a exposição, que apresenta agora na Galeria Pedro Cera, escapam a qualquer definição categórica e são, em muitos casos, ainda inomináveis.

A artista questiona as condições-conflito que regem a relação entre verticalidade e horizontalidade, a gravidade como condicionante maior da inscrição sensível. Este não é um projecto expositivo, é, pelo contrário, o resultado expositivo de eventos performativos: olhares, acções, movimentos, mergulhos. Se em todas as obras de Vera Mota há uma tentativa de controle dos materiais – impotente, contudo, perante a sua ontologia - , em “Mergulho” propõe-se o controlo do corpo e dos corpos que tentam fender consistências, atravessar espessuras.

Mergulhar é também privar o corpo das suas condições naturais de sobrevivência; o mergulho é a predisposição para colocar o corpo em esforço; acreditar na sua resiliência. Não por acaso os objectos em mergulho sobre as cinco superfícies são incapazes de as atravessar, resistem à passagem, suspendem-se sobre o limite. O mergulho não é, contudo, horizonte utópico desta exposição, pois ecoa em cada objecto o mergulho da artista.

Ferir o plano horizontal, querer romper e ir para alem da superfície, atravessar a massa e afectar a sua constituição a sua densidade, submergir.

Neste trabalho vários objectos interferem com a superfície de planos sensíveis ainda que resistentes. Esses objectos indiciam um gesto de depositar de entregar o objecto ao seu peso sobre a superfície. Esta superfície não é atravessada e constitui sempre limite. A imersão acontece na acção, quando o corpo se precipita sobre o plano largo e entrega uma forma à sua força.

É o corpo que mergulha e se entrega a movimentos que percorrem o espaço em direcção ao chão. Quedas que descrevem linhas. Suspensões, tempo e resistência, inscritos em objectos inertes, que interferem mais ou menos com esta massa elástica. Há uma afecção contida dos materiais, num recipiente pouco fundo onde rapidamente se acede ao chão. De forma violenta ou pairando à superfície, cada substancia materializa a força e amplitude do movimento que exigiu para ser implantado, depositado.

Na sua evidência física, não são mergulhos exploratórios, são mergulhos de desaparecimento frustrado, são mergulhos que não perfuram a superfície, são mergulhos em intenção.

Indicia-se ainda assim uma presença, revela-se o agente que percorreu o tanque de ar que sobrevoa estes rectângulos em linhas ora rápidas e secas, ora dolorosas e lentas, o corpo que oscila da vertical à horizontal para servir melhor o que acontece.

O espaço negativo do trabalho é espaço de ensaio, de preparação, para respirar uma última vez. Precisão, suspensão e salto. A queda é desdobrada e parece estender o tempo, a finalização confirma a validade do trajecto, turvo ou límpido.

Entre o mergulho livre e mergulho em apneia, músculos e resistência estão ao serviço de operações exigidas pelo trabalho, mais do que pela vontade. Mergulhar descrevendo uma linha como quem arrasta o lápis sobre o papel. Mergulhar e medir o tempo que o corpo resiste submerso. Mergulhar e poder não emergir.

Vera Mota